Antigamente, quando se desejava realizar a impermeabilização da laje, era muito fácil escolher o impermeabilizante certo, pois havia apenas dois tipos de produtos no mercado. Atualmente, dada a infinidade de marcas e opções, a escolha tornou-se uma tarefa um pouco mais complexa.
Concreto impermeável
Uma das opções mais efetivas é construir uma laje com concreto impermeável. Quando bem dosado, misturado e aplicado, o concreto é um material naturalmente impermeável e sua ação contra a infiltração de água dura a vida toda. Por esse motivo é que os grandes reservatórios de água são construídos com paredes de concreto.
A desvantagem é que o concreto em uma laje fica muito exposto ao intemperismo (calor e grandes variações de temperatura) e pode sofrer com empenamentos e trincas.
Além do mais, para que se obtenha concreto realmente impermeável, uma série de cuidados são necessários durante a obra. Em uma obra doméstica, o concreto é “virado” manualmente, com dosagem imprecisa de água, cimento e agregados, utilizando-se areia com impurezas. Dessa forma, torna-se difícil alcançar uma real impermeabilidade do concreto.
Material impermeabilizante
A alternativa ao concreto impermeável é construir a laje com concreto comum e, posteriormente, aplicar um material impermeabilizante.
Existem diversos tipos de produtos impermeabilizantes à venda no comércio especializado. Alguns desses produtos são líquidos e, ao serem aplicados na laje, formam uma película impermeável. Outros, são produtos fabricados na forma de mantas, que são colados sobre a laje. A variedade é imensa e pode confundir na hora da escolha.
Material | Tipo | Apresentação | Forma de aplicação | Observação |
---|---|---|---|---|
Argamassa impermeável com aditivo hidrófugo | Rígido | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Não indicado para locais com exposição ao sol |
Argamassa modificada com polímero | Rígido | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Não indicado para locais com exposição ao sol |
Argamassa polimérica | Rígido | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Não indicado para locais com exposição ao sol |
Cimento cristalizante para pressão negativa | Rígido | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Não indicado para locais com exposição ao sol |
Cimento modificado com polímero | Rígido | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Não indicado para locais com exposição ao sol |
Membrana de asfalto modificado sem adição de polímero | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana de asfalto modificado com adição de polímero elastomérico | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana de emulsão asfáltica | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana de asfalto elastomérico em solução | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana elastomérica de policloropreno e polietileno clorossultonado | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana elastomérica de poliisobutileno isopreno (I.I.R.), em solução | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno (S.B.S.) | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana elastomérica de estireno-butadieno-ruber (S.B.R) | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana de poliuretano | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana de poliuretano modificado com asfalto | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana de polímero com cimento | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Membrana acrílica | Flexível | Tinta, massa, emulsão | Moldado no local | Requer mão de obra especializada |
Mantas Asfálticas | Flexível | Manta asfáltica | Pré-fabricado | Melhor custo-benefício para laje de cobertura |
Manta de policloreto de vinila (PVC) | Flexível | Manta não-asfáltica | Pré-fabricado | Requer mão de obra especializada |
Manta de polietileno de alta densidade (PEAD) | Flexível | Manta não-asfáltica | Pré-fabricado | Requer mão de obra especializada |
Manta elastomérica de etileno-dieno-monômero – EPDM | Flexível | Manta não-asfáltica | Pré-fabricado | Requer mão de obra especializada |
Manta elastomérica de polisobutileno isopreno (IIR) | Flexível | Manta não-asfáltica | Pré-fabricado | Requer mão de obra especializada |
Material rígido x flexível
O impermeabilizante rígido não é adequado a locais que recebem incidência direta dos raios solares. Devido ao calor do sol, a laje sofre, diariamente, movimentos de dilatação e retração térmica. Se o produto for rígido, não conseguirá acompanhar esses movimentos e irá trincar, anulando o efeito impermeabilizante.
Portanto, em lajes expostas ao sol, o ideal é utilizar material flexível.
Material moldado no local x pré-fabricado
Os materiais com moldagem no local são do tipo líquido ou semilíquido. Sua principal desvantagem é a dificuldade de aplicação, que requer mão de obra altamente especializada e treinada. Detalhes como ralo, soleira e tubos passantes apresentam dificuldades práticas que somente um profissional experiente consegue resolver. O custo de aplicação pode ser alto.
Manta asfáltica: melhor custo-benefício
Dos materiais pré-fabricados, temos a manta não-asfáltica e a manta asfáltica. A manta asfáltica, em termos de impermeabilidade, não necessariamente é superior às outras opções, porém se apresenta como a alternativa com melhor custo benefício disponível no país. É amplamente disponível e existem mais profissionais habilitados a instalá-la.
A evolução dos materiais impermeabilizantes
Antes do aparecimento da variedade de produtos impermeabilizantes que temos hoje, uma das opções era um aditivo para ser misturado na argamassa, tanto de revestimento, quanto de assentamento, que a tornava impermeável. A segunda opção era uma tinta à base de asfalto, a ser aplicada diretamente sobre a superfície, formando uma película impermeável.
Infelizmente, esses produtos nem sempre conseguiam impedir a passagem de umidade. Alguns fatores interferiam na eficácia desses métodos:
- Movimentos de dilatação e retração térmica pela variação de temperatura ao longo do dia;
- Movimentos de expansão causados pela variação de umidade;
- Presença de juntas de dilatação térmica na laje;
- Degradação do produto sob incidência de radiação ultravioleta;
- Falha na aplicação de revestimentos que deveriam ser impermeáveis (ex. azulejos)
- Ação da pressão hidrostática (no caso de paredes no subsolo)
Um tempo depois, foram criadas as argamassas prontas, em que bastava adicionar água. Existem, inclusive, opções à base de cimento, com polímeros, para que fiquem flexíveis. Há também produtos de pega instantânea.
Estudando como as moléculas da argamassa interagem com a água, a pesquisa tecnológica permitiu, ao observar o que ocorre no nível microscópico, criar produtos mais eficazes. E, dessa forma, continuam surgindo no mercado novos produtos.
Projeto de impermeabilização
Quando for realizar a impermeabilização de uma laje, é necessária a elaboração de um “Projeto Executivo de Impermeabilização” por um profissional legalmente habilitado. Veja o que diz a norma NBR-9575:
O Projeto Executivo de Impermeabilização deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado e com registro no CREA com qualificação para exercer esta atividade técnica especializada.
Em todas as peças gráficas e descritivas devem constar os dados do profissional responsável bem como a correspondente ART.
Fazem parte do Projeto Executivo de Impermeabilização os seguintes documentos técnicos:
a) desenhos:
- planta de localização e identificação das impermeabilizações, bem como dos locais de detalhamento construtivo;
- detalhes genéricos e específicos que descrevam graficametne todas as soluções de impermeabilização.
b) textos:
- memorial descritivo de materiais e camadas de impermeabilização;
- memorial descritivo de procedimentos de execução;
- planilha de quantitativos de materiais e serviços;
- metodologia para controle e inspeção dos serviços.
Normas brasileiras sobre impermeabilização
Veja abaixo a relação de normas brasileiras que tratam do assunto de impermeabilização*:
- NBR-8521 Emulsões asfálticas com fibras de aminto para impermeabilização – Especificação
- NBR-9227 Véu de fibras de vidro para impermeabilização – Especificação
- NBR-9228 Feltros asfálticos para impermeabilização – Especificação
- NBR-9229 Mantas de butil para impermeabilização – Especificação
- NBR-9396 Membrana elastomérica de policloropreno e polietileno clorossulfonado em solução para impermeabilização
- NBR-9574 Execução de impermeabilização
- NBR-9575 Impermeabilização – Seleção e PROJETO
- NBR-9617 Lonas de polietileno de baixa densidade para impermeabilização de canais de irrigação – Especificação
- NBR-9685 Emulsão asfáltica para impermeabilização
- NBR-9686 Solução e emulsão asfálticas empregadas como material de imprimação na impermeabilização
- NBR-9952 Manta Asfáltica para Impermeabilização
- NBR-11797 Mantas de etileno-propileno-dieno-monômero (EPDM) para impermeabilização – Especificação
- NBR-11905 Sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros – Especificação
- NBR-12170 Potabilidade da água aplicável em sistema de impermeabilização – Método de ensaio
- NBR-12171 Aderência aplicável em sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros – Método de ensaio
- NBR-13121 Asfalto elastomérico para impermeabilização
- NBR-13321 Membrana acrílica para impermeabilização
- NBR-13724 Membrana asfática para impermeabilização com estrutura aplicada a quente
- NBR-15352 Mantas termoplásticas de polietileno de alta densidade (PEAD) e de polietileno linear (PEBDL) para impermeabilização
- NBR-15375: Bocal de etileno-propileno-dieno monômero (EPDM) para impermeabilização de descida de águas
- NBR-15414 Membrana de poliuretano com asfalto para impermeabilização
- NBR-15460 Membrana elastomérica de isobutileno isopreno em solução para impermeabilização
- NBR-15487 Membrana de poliuretano para impermeabilização
- NBR-15885 Membrana de polímero acrílico com ou sem cimento, para impermeabilização
*IMPORTANTE: Antes de utilizar uma norma, verifique se ela continua válida, pois elas frequentemente passam por revisões em função dos avanços tecnológicos. A relação acima pode não estar atualizada. Caso queira ter acesso a uma lista completa e atualizada, deve-se consultar o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas.