Trincas causadas por infiltração e corrosão da armadura

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Roberto Massaru Watanabe
Roberto é engenheiro civil formado pela USP e especialista em patologias das edificações.

As trincas por corrosão da armadura ocorrem quando há exposição à umidade dos elementos metálicos da parede. O chamado “concreto armado” possui em seu interior uma armadura de ferro, que deve ser protegida da água para não sofrer corrosão. Quando essa corrosão ocorre, um processo eletroquímico leva a uma expansão dentro do concreto, causando a sua desagregação, com consequente aparecimento de trincas.

Intensa corrosão dos 
estribos de uma viga

Quais os riscos da corrosão das armaduras?

Além do problema estético, a corrosão das estruturas metálicas do concreto pode levar a situações muito críticas, pois compromete elementos estruturais da edificação. A corrosão leva ao “desaparecimento” progressivo das estruturas metálicas.

No caso de pilares, a corrosão dos estribos prejudica a função da armadura, podendo levar à sua flambagem (encurvadura) no sentido longitudinal. O pilar pode vir a desabar a qualquer momento. Nesses casos, deve-se escorar a estrutura para aliviar parte da carga atuante naquele pilar afetado. Ao se deparar com esse problema, procure imediatamente a avaliação de um engenheiro civil especializado em estruturas de concreto.

Por que a corrosão acontece?

Concreto mal adensado

A proteção contra a umidade é feita pelo próprio concreto. No momento em que a armadura está sendo concretada, é essencial que o concreto seja bem adensado e bem vibrado quando lançado. Se essa etapa não for feita com cuidado, o concreto ficará poroso, permitindo o desenvolvimento de infiltrações, com comprometimento progressivo das estruturas metálicas internas.

É comum que a consequência de um concreto mal adensado apareça muitos anos depois, com o destacamento do revestimento e exposição da armadura corroída.

Áreas frequentemente expostas à água

Coberturas, lajes e pilares em locais que são lavados com frequência são todas áreas com exposição intensa à umidade e qualquer problema relacionado a impermeabilidade pode levar à infiltração do concreto e à corrosão da armadura.

Infiltração da laje no pavimento térreo, levando à corrosão da armadura visível na garagem

Exposição da armadura após flambagem

Nesse caso, a origem do problema pode ser uma falha no projeto estrutural, na execução ou até na manutenção do pilar. A armadura sofre uma força de compressão e, sem estribos devidamente aplicados, pode acabar sofrendo a flambagem, levando ao destacamento do concreto. Dessa forma, a armadura ficará exposta à umidade.

Destacamento do concreto por flambagem da armadura

Corrosão eletroquímica

Em contato com a umidade, as estruturas metálicas sofrem o processo de corrosão eletroquímica (galvânica). Um componente metálico, quando colocado dentro de um meio aquoso, tem os seus elétrons positivos atraídos pelos elétrons negativos do meio. A presença de determinados sais no meio aquoso potencializa o fenômeno.

Como resultado dessa atração, o metal perde o elétron positivo, isto é, ocorre uma reação química em que o metal (duro) é transformado em um sal solúvel. O sal, sendo solúvel, é carreado pela água. Esse fenômeno, ocorrendo sob o concreto, provocará trincas visíveis na superfície, com o possível desprendimento de lascas de concreto.

Se não resolvido, esse processo avança progressivamente e, com o tempo, pode levar ao total consumo da estrutura metálica do concreto, culminando com o colapso do pilar.

Trincas causadas por corrosão da armadura
Corrosão da armadura causando trincas no concreto

Como solucionar o problema de corrosão galvânica?

No caso de paredes e pilares frequentemente expostos à agua, não basta escovar a armadura exposta e simplesmente refazer o revestimento de concreto, pois a água provavelmente infiltrará o concreto novamente. É necessário fazer uma proteção química da armadura contra a corrosão, utilizando um ânodo de sacrifício.

Tela-G

Há duas opções no mercado para solucionar esse problema. A primeira é a chamada tela-G, que é uma tela fabricada com zinco e outros ativadores. Ao ser aplicada sobre a armadura, faz uma proteção catódica, funcionando como um ânodo de sacrifício. A armadura não sofre corrosão.

Tela-G

Pastilha-Z

A segunda opção é a pastilha-Z. Essas pastilhas são empregadas como espaçadores e amarrados na armadura, ficando entre a armadura e a forma. Assim como um espaçador comum, é feita de cimento e areia, porém com uma diferença: contém no seu interior uma placa de material de alta atividade aniônica, funcionando como um ânodo de sacrifício.

Pastilha-Z

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